Santo Papa João Paulo II proclama Santa
Brígida uma das padroeiras da Europa
TRECHO DA CARTA
APOSTÓLICA
EM FORMA DE "MOTU PROPRIO"
PARA A PROCLAMAÇÃO
DE SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA,
SANTA CATARINA DE SENA
E SANTA BENEDITA DA CRUZ
CO-PADROEIRAS DA EUROPA
EM FORMA DE "MOTU PROPRIO"
PARA A PROCLAMAÇÃO
DE SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA,
SANTA CATARINA DE SENA
E SANTA BENEDITA DA CRUZ
CO-PADROEIRAS DA EUROPA
JOÃO
PAULO PP. II
PARA PERPÉTUA MEMÓRIA
PARA PERPÉTUA MEMÓRIA
(...)
4. Brígida, a primeira destas
três grandes figuras, nasceu de uma família aristocrática em 1303 em Finsta, na
região sueca de Uppland. Ela é conhecida sobretudo como mística e fundadora da
Ordem do Santíssimo Salvador. Porém, não devemos esquecer que transcorreu a
primeira parte da sua vida como leiga felizmente casada, e teve oito filhos.
Indicando-a como co-Padroeira da Europa, desejo torná-la familiar não só aos que
receberam a vocação de uma vida de especial consagração, mas também aos que são
chamados às ordinárias ocupações da vida laical no mundo e, sobretudo, à exímia
e exigente vocação de formar uma família cristã. Sem se deixar influir pelas
condições de bem-estar da sua classe social, ela viveu com o marido Ulf uma
experiência conjugal, onde o amor esponsal se uniu à oração intensa, ao estudo
da Sagrada Escritura, à mortificação e à caridade. Juntos fundaram um pequeno
hospital, onde com frequência assistiam os enfermos. Brígida tinha também o
hábito de servir pessoalmente os pobres. Ao mesmo tempo, foi elogiada pelos
seus dotes pedagógicos, que teve ocasião de pôr em prática no período em que se
lhe pediu que servisse na Corte de Estocolmo. Desta experiência amadurecerão os
conselhos que, em diversas ocasiões, dará aos príncipes e soberanos para
desempenharem corretamente as suas funções. É evidente, porém, que os primeiros
a lucrar com isto foram os seus filhos, não constituindo um puro caso o facto
de uma das suas filhas, Catarina, ser venerada como santa.
Porém, este período da sua vida familiar foi só a primeira etapa. A peregrinação que realizou com o marido Ulf a Santiago de Compostela em 1341 concluiu simbolicamente esta fase, preparando Brígida para a nova vida que iniciou alguns anos depois quando, com a morte do esposo, pressentiu a voz de Cristo que lhe confiava uma nova missão, guiando-a passo a passo com uma série de extraordinárias graças místicas.
Porém, este período da sua vida familiar foi só a primeira etapa. A peregrinação que realizou com o marido Ulf a Santiago de Compostela em 1341 concluiu simbolicamente esta fase, preparando Brígida para a nova vida que iniciou alguns anos depois quando, com a morte do esposo, pressentiu a voz de Cristo que lhe confiava uma nova missão, guiando-a passo a passo com uma série de extraordinárias graças místicas.

Na verdade, mais que por estas
devotas peregrinações, foi com o profundo sentido do mistério de Cristo e da
Igreja que Brígida participou na construção da comunidade eclesial, num momento
extremamente crítico da sua história. A união íntima com Cristo foi, com
efeito, acompanhada per especiais carismas de revelação, que a tornaram um
ponto de referência para muitas pessoas da Igreja do seu tempo. Em Brígida
sente-se a força da profecia. Por vezes, esta parecia ser um eco dos grandes
profetas antigos. Ela falava com segurança a príncipes e pontífices, revelando
os desígnos de Deus acerca dos acontecimentos históricos. Não poupou
advertências severas, inclusive no tema da reforma moral do povo cristão e do
mesmo clero (cf. Revelationes,
IV, 49; cf. também IV, 5). Alguns aspectos da extraordinária produção mística
suscitaram, com o passar do tempo, compreensíveis interrogações, a propósito
das quais a prudência eclesial realizou um discernimento eclesial, remetendo-se
à única revelação pública, que tem em Cristo a sua plenitude e na Sagrada
Escritura a sua expressão normativa. De facto, também as importantes
experiências dos grandes santos não estão isentas dos limites que sempre
acompanham a recepção humana da voz de Deus.
No entanto, não há dúvida que a
Igreja, ao reconhecer a santidade de Brígida, mesmo sem se pronunciar sobre
cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do conjunto da sua experiência
interior. Ela vem a ser uma testemunha significativa do espaço que pode ter na
Igreja o carisma vivido com total docilidade ao Espírito Santo, e na completa
conformidade às exigências da comunhão eclesial. Além disso nas terras da
Escandinávia, pátria de Brígida, tendo-se separado da plena comunhão com a Sé
de Roma após os tristes acontecimentos do século XVI, a figura da Santa sueca
permanece concretamente como uma preciosa ligação ecuménica, também reforçada
pelo esforço realizado neste sentido pela sua Ordem.
(...)
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